O bom filho a casa torna
A boa filha veio recebê-la…
Evandro Teixeira retornou a Canudos, como sempre retorna: trazendo na bagagem a saudade desse lugar que viaja com ele aos arredores do mundo. O que para ele não basta! Tem que sentir de perto! Tem que tocar! Como se já não o fizesse, ao tocar-nos, em cada imagem registrada por suas lentes mágicas, em cada semblante eternizado, emoldurado pelo tempo – este que atravessa todas as fronteiras – passado, presente, futuro. Um deles, o rosto sereno de João de Régis que, além de ser a foto de capa do seu livro CANUDOS 100 ANOS (1997), agora se perpetua, também, ao nome de um museu. A identidade visual leva a assinatura do artista Edmilson Santana, que enxergou na fotografia do mestre Teixeira a fonte de inspiração para fazer a marca de uma dupla homenagem…
O Museu João de Régis é um espaço aberto às multi-linguagens artísticas e culturais.
Alguém poderia perguntar:
“- Já não teria sido inaugurado?!”
Sim, mas. porém, contudo, entretanto, todavia, com a presença de Evandro Teixeira, tudo se reinaugura, tudo se renova, tudo se transforma!
Ele aproveitou o passeio para prestigiar sua exposição, armada de forma permanente, guardada nesse porta joia sertanejo. São fotografias que já foram expostas em outros países, depois doadas pelo próprio autor a Canudos, ao lugar onde elas foram geradas.
Para celebrar esse reencontro, tão cheio de recordações, não poderia faltar algo tão sublime… Então, o professor Luiz Paulo Neiva (UNEB) – Diretor do Campus Avançado de Canudos, teve a ideia de convidar esse canudense de coração, corpo e alma, para plantar uma árvore de Ipê ao lado do referido museu. E para participar do ato, foram convidadas e trazidas ao local a filha de João de Régis, Dona Durú, e a sobrinha, Zefinha Régis. Do ato participaram também o Secretário de Cultura Saulo Reis, o coordenador de Cultura Lequinho e o coordenador de Patrimônio Rosimário Lima.
A primavera que tanto alegra a paisagem, recebeu em seu canteiro, na manhã desse domingo, um presente das mãos que tanto lhe fotografa…
O delicado gesto traz alguns significados a serem considerados:as raízes poderão simbolizar o quanto é profunda a relação de Evandro por essa terra; a copa, além da projeção, da sombra, do refrigero, é o canto reservado ao pássaro, onde poderá fazer seu ninho, com a cortina das folhagens na janela da lembrança, ou servir ao pouso de um viajante dos ares em seus galhos mais altos para descansar e retornar ao seu voo; o tronco, uma espécie de guardião, que não arreda o pé, por nada, que aguenta firme até o fim, mesmo sob todas as “revoltas” dos mais fortes ventos – essência da resistência dos verdadeiros seguidores de Antônio Conselheiro…
Cabem, aqui, os versos do poeta Gibram que, talvez, ao observar o tronco de uma frondosa árvore de Cedro, escreveu:
“A raiz é uma flor que desprezou a fama”…
Evandro é este ser admirável, cuja fama conquistada, sobretudo, pelo seu amor ao que faz e, em especial, para fotografar gente, com o olhar mais que estético: humano! Que não abre mão de ir além, nem de ir ali, dar um “pulinho” em Canudos para recarregar as baterias com energia “solar”, que só lá tem, com o calor das pessoas.
O bom filho a casa torna.
Veio rever velhos amigos e trazer outros mais novos… Em sua recente visita, nos dias 16 e 17 de outubro de 2021, estava acompanhado da Psicóloga e Fotógrafa Flávia Cirne e do Jornalista Flavio Ciro. Estes saberão logo que quem bebe dessa fonte, não volta para casa do mesmo jeito – acaba voltando…
O bom filho a casa torna.
Por: E. Santana
Testemunha ocular